segunda-feira, 20 de abril de 2015

Análise da situação Económica e Financeira

Duas abordagens distintas poderão ser utilizadas para estudar o equilíbrio financeiro:

- Patrimonial ou tradicional e,
- Funcional,

Abordagem Patrimonial ou Tradicional:

Visa dar a conhecer a capacidade da empresa para satisfazer as suas obrigações de pagamentos com base no Balanço Contabilístico.

Neste, os elementos patrimoniais ativos são ordenados segundo o grau decrescente de liquidez e os valores passivos segundo o grau crescente de exigibilidade.

De acordo com esta análise patrimonial, o equilíbrio financeiro ocorre sempre que o ativo corrente (elementos patrimoniais com elevado grau de liquidez) seja igual ao passivo corrente (cujas rubricas apresentem elevado grau de exigibilidade).

Segundo a regra do equilíbrio financeiro mínimo (REFM), cada aplicação deverá ser financiada por uma origem, cujo grau de exigibilidade seja pelo menos igual ao grau de liquidez (grau de exigibilidade = grau de liquidez) da aplicação que está a financiar.

O capital utilizado pela empresa para financiar determinado ativo deve ficar à sua disposição durante um prazo para que corresponda pelo menos à duração do ativo adquirido com esse capital.

Contudo, atendendo à dinâmica do funcionamento da empresa, o cumprimento desta regra não permite assegurar o equilíbrio global da empresa, dado que ignora a natureza e a velocidade da rotação dos elementos integrantes do ativo corrente, bem como a natureza e a calendarização dos prazos de vencimento da dívida de curto prazo.

Explo:

Uma vez que o Ativo Corrente = Passivo Corrente conclui-se que a empresa cumpre a regra do equilíbrio financeiro mínimo (REFM).

Contudo,

Admitindo que os Clientes vencem a 30d e o ciclo de inventários é de 60d e que as dívidas a fornecedores e EOEP vencem a 30d e o empréstimo é de 15d:

Verifica-se uma Rotura de Tesouraria.

Abordagem Funcional:

A Abordagem Funcional do equilíbrio financeiro baseia-se na informação preparada e refletida no Balanço Funcional, tendo em conta os Indicadores.

Capitais Permanentes (CP): rubricas integrantes do ciclo de operações financeiras com caráter de exigibilidade de médio e de longo prazo, recursos próprios e recursos alheios estáveis.

CP = Capital Realizado + Resultados Transitados + Resultados Líquidos do Exercício + Financiamentos Obtidos + Acionistas

Fundo de Maneio (FM): Capitais estáveis (próprios e alheios) – ativo não corrente (> 1 ano).

Constitui uma margem de segurança financeira para que a empresa possa suprir as roturas de tesouraria, traduzindo-se na parte dos fundos de curto prazo que financiam os ativos correntes – excedentes de capitais permanentes em relação ao ativo não corrente.

Fundo de Maneio = Capitais Permanentes – Ativo Não Corrente

As variações do FM são explicadas pelas decisões que afetam o Ativo não corrente e os capitais permanentes, nomeadamente pelas decisões tomadas a nível da política de investimentos em capital fixo, politicas de financiamento (emissão de novas ações, cobertura de prejuízos pelos sócios, empréstimos de médio e longo prazo), política de depreciações e amortizações de imparidades e de justo valor.

Fundo de Maneio Necessário (FMN): Conjunto das necessidades financeiras, cujo financiamento não se encontra coberto pelos recursos financeiros.

Tesouraria Líquida (TL): A relação fundamental que permite determinar e avaliar a situação de tesouraria da empresa, reportada a um determinado momento,
TL = FM – FMN

O valor da Tesouraria Liquida corresponde ao montante disponível para a empresa satisfazer as suas obrigações decorrentes de rubricas exigíveis de curto prazo,

Tesouraria deficitária:                    FM < FMN
Tesouraria equilibrada:                  FM = FMN
Tesouraria excedentária:               FM > FMN

Tesouraria deficitária:

Advém de políticas de investimento e financiamento inadequadas, fraco ritmo de depreciação e amortizações anuais, fracos níveis de rendabilidade global, excessiva distribuição dividendos, elevados níveis de FMN (aumento do crédito concedido, aumento dos níveis de existência e redução de prazos de pagamento).

Tesouraria excedentária:

Elevados níveis de autofinanciamento, forte ritmo de depreciação e amortização anuais, políticas de financiamento demasiadamente conservadoras (retenção de lucros e excessivo recurso a crédito de médio e longo prazo), capitais permanentes demasiadamente elevados, reduzidos níveis de FMN (redução do crédito concedido e redução dos níveis de stocks).

Cálculo da Tesouraria

A Tesouraria de uma empresa obtém-se com a fórmula T = FM - FMN

FM = Capitais Permanentes – Ativo Não Corrente

Em que,

Capitais Próprios = Capital realizado + Resultado Líquido do período

Contas a pagar no médio e Longo Prazo = Financiamentos obtidos (empréstimo bancário)

Capitais Permanentes = Capitais Próprios + Contas a pagar no médio e Longo Prazo

Ativo Não Corrente = Investimento total - Depreciações acumuladas


FMN = Necessidades Financeiras cujo financiamento não se encontra coberto por Recursos Financeiros

Necessidades financeiras de Exploração = Reserva de segurança + Clientes + (- Perdas por imparidade + Inventários

Recursos Financeiros de Exploração =Fornecedores - EOEP

FMN = Necessidades Financeiras – Recursos Financeiros


Tesouraria da Empresa = FM - FMN

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