segunda-feira, 20 de abril de 2015

Rendabilidade Financeira

A Rendibilidade do Capital Próprio (RCP = ROI) é obtida pela proporção do Resultado Líquido sobre o total do Capital investido pelos sócios.

RCP = (Resultado Líquido n / Capital Próprio n-1) x 100

Mede a eficácia com que a empresa utiliza os capitais investidos pelos sócios.

O seu valor representa a taxa máxima de remuneração do capital próprio aplicado na empresa.

Grau Financeiro de Alavanca (GFA)

Para além de estabelecer uma relação entre o nível da atividade da empresa e os seus resultados de exploração, a teoria CVR permite ainda – se considerarmos os gastos financeiros fixos e outros gastos/rendimentos como irrelevantes, estabelecendo uma relação entre os Resultados Líquidos e os Resultados de Exploração.

GFA = (^RL / RL) / ( ^RE / RE) = REº / RAIº

RE = Resultados de Exploração
RAI = Resultados Antes de Imposto
RL = Resultado Líquido do Exercício

O GFA mede o efeito financeiro de alavancagem, que traduz o impacto na rendibilidade financeira do maior ou menor grau de endividamento da empresa.

Quanto maiores forem os Gastos Financeiros, maior será o GFA e, por conseguinte, o risco financeiro.

Enquanto o GEA indica a variação percentual do Resultado de Exploração face à variável das vendas, o GFA regista a variação percentual dos Resultados Líquidos face à variação percentual dos Resultados de Exploração.

Resumindo,

Os Meios Libertos Brutos avaliam a capacidade da empresa garantir as comparticipações a entregar ao Estado.

Os Meios Libertos Líquidos avaliam a capacidade da empresa assegurar o seu crescimento.

O Valor Acrescentado Bruto mede o excedente da riqueza gerado pela empresa.

A Rendabilidade do Capital Próprio avalia a eficácia com que a empresa utiliza os capitais investidos pelos sócios.

O Grau Económico de Alavanca indica a variação percentual do resultado de exploração face à variação percentual das vendas.

O Grau Financeiro de Alavanca regista a variação percentual dos resultados líquidos face à variação percentual dos resultados de exploração.

Explo: Exercícios – Informação Contabilística e Instrumentos de Análise Económica e Financeira (Anexos)




Ponto Morto Económico (Ponto Crítico)

A teoria CVR permite ainda o cálculo do Ponto Morto Económico (break even point) que corresponde ao nível de atividade em que a empresa não apresenta, nem Lucro, nem Prejuízo de exploração (Resultados de Exploração nulos).

Mede o nível de atividade (quantidade ou valor) a que correspondem Resultados de Exploração nulos:

Custos Fixos de Exploração = Margem Bruta

Ponto Crítico Vº = Cf / (Pv – Cv / Pv) = Qº = Cf / (Pv – Cv)

Cf = Custos Fixos, Pv = Preço Venda Unitário, Cv = Gastos Variáveis Unitários

Margem de Segurança

Decorrente do conceito do ponto crítico das vendas: é a diferença entre o nível de atividade alcançada pela empresa e o Ponto Crítico,

Qº = (Q / Qº - 1 ) x 100         Vº = (V / Vº - 1 ) x 100

Os indicadores CVR são úteis para estudar o Risco Económico da empresa, a probabilidade do resultado de Exploração ser insuficiente, ou negativo, face aos objetivos da empresa; a probabilidade do nível de atividade da empresa se situar a um nível inferior ao ponto crítico.

O Risco Económico será tanto maior quanto mais elevado for o Ponto Crítico, e tanto maior quanto mais baixo for a margem de segurança e maior o grau económico de alavanca.

Explo: Ficha de exercícios – Teoria CVR

Uma empresa apresenta um nível de risco mais elevado quando o ponto crítico é maior e a margem de segurança menor, além do seu GEA aumentar.

Não obstante poderá apresentar melhor resultado de exploração se o peso dos gastos variáveis for inferior.

Rendabilidade Económica

Para concluir a síntese sobre os elementos da análise financeira, resta uma explicação sumária dos conceitos de rendabilidade económica e financeira.

O estudo da Rendabilidade Económica deverá ser procedido da preparação da Demonstração de Resultados contabilística (exemplo anexo)

O estudo da Rendibilidade Económica deverá ser precedido da DR Contabilística, em que o método dos indicadores permite estudar a exploração da rendibilidade da empresa – Indicadores Económicos (da DR):

Resultado de Exploração (RE):

RE = Rendimentos de Exploração – Gastos de Exploração

Resultados Antes de Juros Suportados e Impostos:

RAJSI = Resultados de Exploração + Resultados Extraexploração

RAJSI = Resultados Líquidos + ISRP + Juros e Gastos similares suportados

Resultados Antes de Impostos:

RAI = RAJSI – Juros e Gastos similares suportados = RL + ISRP

RAI = RAGFI = Resultado de exploração = Vendas – (FSE, Gastos com pessoal e outros gastos) – Gastos de depreciação

Resultados Líquidos:

RL = RAI – ISRP = RL Retidos + Dividendos
        
ISRE = RAI x tx de IRC

Meios Libertos Brutos:

MLB = RAJSI +- Depreciações e Amortizações do período +- Imparidades do período +- Provisões +- Variações de Justo Valor do período

Os Meios Libertos Brutos permitem avaliar a capacidade da empresa em assegurar a manutenção do capital, o crescimento da empresa, remunerar capitias próprios e alheios, amortização de capitais alheios e garantir as comparticipações a entregar ao Estado.

Meios Libertos Líquidos:

MLL = Resultado Líquido do período +- Depreciações e Amortizações do período +- Imparidades do período +- Provisões do período +- Variações de Justo Valor do período

Os Meios Libertos Líquidos permitem avaliar a capacidade da empresa em assegurar a manutenção do capital, o crescimento da empresa, a amortização do capital alheio e a remuneração dos capitais próprios.

Meios Libertos Líquidos Retidos:

MLLR = RL Retido +- Depreciações e Amortizações do período +- Imparidades do período +- Provisões do período +- Variações de Justo Valor do período

Os Meios Libertos Líquidos Retidos ou Autofinanciamento permitem avaliar a capacidade da empresa assegurar a manutenção do capital e o crescimento da empresa e a amortização do Capital Alheio.

Valor Acrescentado Bruto (VAB):

VAB = Rendimento de Exploração + Outros rendimentos (relativos a bens e/ou serviços prestados por terceiros) – CMVMC – FSE (exclui rendas) – Outros Gastos

O VAB mede o excedente da riqueza gerado pela empresa.

Na ótica da produção o VAB resulta da diferença entre o volume de negócios e os consumos intermédios (impostos indiretos).
Rendibilidade Económica do Ativo (ROI):

ROI = RAJSDI / Ativo Total Líquido = (RAJSI (1-t) / Ativo Total Líquido n-1) x 100

RAJSDI = Resultados Antes de Juros Suportados e Impostos
t = tx de imposto sobre lucros

Explo: Ficha exercícios Indicadores Económicos

VAB: A empresa gera mais riqueza de tiver menores gastos de produção (consumo de matérias e FSE).

MLB: A empresa gera excedentes financeiros superiores se tiver menos gastos desembolsáveis.

MLL: A diferença de gastos desembolsáveis está no consumo das matérias, FSE e gastos com pessoal.


Teoria do Custo – Volume – Resultado (CVR)

A CVR visa compreender a evolução da rendibilidade de exploração através da análise de rendimentos, dos gastos e das relações existentes entre elas, face a alterações do nível de atividade.

Os resultados de exploração de uma empresa resultam das vendas realizadas deduzidas dos gastos variáveis e dos gastos fixos de exploração.

Pressupostos:

- Existe separação entre Gastos Fixos (independentemente do nível de atividade da empresa / quantidades produzidas) e variáveis de exploração (dependente do nível de atividade),

- Os Gastos Fixos são constantes ao longo do tempo,

- Os Gastos Variáveis são proporcionais ao nível de atividade,

- A Gama de Produção reduz-se a um só produto ou a vários produtos que variam em proporções constantes em relação ao nível de atividade,

- O Preço de Venda Unitário é estável ao longo do tempo,

- A Produção é igual ao volume de vendas, ou seja, não existem stocks de produtos acabados ou em curso.

Grau Económico de Alavanca (GEA)

É um indicador fundamental da teoria CVR.

Estabelece a relação direta entre os resultados de exploração da empresa e o seu nível de atividade expresso em termos de unidades produtivas.

Indica em que medida uma dada variação das quantidades vendidas afeta o resultado de exploração, pois determina a variação percentual ocorrida no resultado de exploração que resulta de uma variação percentual do volume de atividade.

O GEA mede o efeito económico de alavanca:

GEA = (^RE/RE) / (^Q/Q) = Mbº / REº

RE = Resultado de Exploração (Vendas – Gastos Variáveis – Gastos Fixos

Q = Quantidade Vendida

Mb = Margem Bruta (Vendas – Gastos Variáveis)

As variações no nível de atividade da empresa provocam variações mais do que proporcionais nos Resultados de Exploração.

Este efeito é causado pelos Gastos Fixos.

Uma empresa com elevado peso de Gastos Fixos tem elevado Grau de Alavanca.

Explo:

Quadro que demonstra o impacto sobre o resultado de exploração de uma empresa, resultante das variações do seu nível de atividade.

As variações no nível da atividade da empresa provocam variações mais que proporcionais nos resultados de exploração.

Este efeito é causado pelos gastos fixos.

A empresa com elevado peso de gastos fixos tem elevado grau económico de alavanca,


Neste exemplo os Resultados de Exploração aumentam/diminuem numa proporção 6 vezes superior ao aumento/diminuição da quantidade produzida.

Análise da situação Económica e Financeira

Duas abordagens distintas poderão ser utilizadas para estudar o equilíbrio financeiro:

- Patrimonial ou tradicional e,
- Funcional,

Abordagem Patrimonial ou Tradicional:

Visa dar a conhecer a capacidade da empresa para satisfazer as suas obrigações de pagamentos com base no Balanço Contabilístico.

Neste, os elementos patrimoniais ativos são ordenados segundo o grau decrescente de liquidez e os valores passivos segundo o grau crescente de exigibilidade.

De acordo com esta análise patrimonial, o equilíbrio financeiro ocorre sempre que o ativo corrente (elementos patrimoniais com elevado grau de liquidez) seja igual ao passivo corrente (cujas rubricas apresentem elevado grau de exigibilidade).

Segundo a regra do equilíbrio financeiro mínimo (REFM), cada aplicação deverá ser financiada por uma origem, cujo grau de exigibilidade seja pelo menos igual ao grau de liquidez (grau de exigibilidade = grau de liquidez) da aplicação que está a financiar.

O capital utilizado pela empresa para financiar determinado ativo deve ficar à sua disposição durante um prazo para que corresponda pelo menos à duração do ativo adquirido com esse capital.

Contudo, atendendo à dinâmica do funcionamento da empresa, o cumprimento desta regra não permite assegurar o equilíbrio global da empresa, dado que ignora a natureza e a velocidade da rotação dos elementos integrantes do ativo corrente, bem como a natureza e a calendarização dos prazos de vencimento da dívida de curto prazo.

Explo:

Uma vez que o Ativo Corrente = Passivo Corrente conclui-se que a empresa cumpre a regra do equilíbrio financeiro mínimo (REFM).

Contudo,

Admitindo que os Clientes vencem a 30d e o ciclo de inventários é de 60d e que as dívidas a fornecedores e EOEP vencem a 30d e o empréstimo é de 15d:

Verifica-se uma Rotura de Tesouraria.

Abordagem Funcional:

A Abordagem Funcional do equilíbrio financeiro baseia-se na informação preparada e refletida no Balanço Funcional, tendo em conta os Indicadores.

Capitais Permanentes (CP): rubricas integrantes do ciclo de operações financeiras com caráter de exigibilidade de médio e de longo prazo, recursos próprios e recursos alheios estáveis.

CP = Capital Realizado + Resultados Transitados + Resultados Líquidos do Exercício + Financiamentos Obtidos + Acionistas

Fundo de Maneio (FM): Capitais estáveis (próprios e alheios) – ativo não corrente (> 1 ano).

Constitui uma margem de segurança financeira para que a empresa possa suprir as roturas de tesouraria, traduzindo-se na parte dos fundos de curto prazo que financiam os ativos correntes – excedentes de capitais permanentes em relação ao ativo não corrente.

Fundo de Maneio = Capitais Permanentes – Ativo Não Corrente

As variações do FM são explicadas pelas decisões que afetam o Ativo não corrente e os capitais permanentes, nomeadamente pelas decisões tomadas a nível da política de investimentos em capital fixo, politicas de financiamento (emissão de novas ações, cobertura de prejuízos pelos sócios, empréstimos de médio e longo prazo), política de depreciações e amortizações de imparidades e de justo valor.

Fundo de Maneio Necessário (FMN): Conjunto das necessidades financeiras, cujo financiamento não se encontra coberto pelos recursos financeiros.

Tesouraria Líquida (TL): A relação fundamental que permite determinar e avaliar a situação de tesouraria da empresa, reportada a um determinado momento,
TL = FM – FMN

O valor da Tesouraria Liquida corresponde ao montante disponível para a empresa satisfazer as suas obrigações decorrentes de rubricas exigíveis de curto prazo,

Tesouraria deficitária:                    FM < FMN
Tesouraria equilibrada:                  FM = FMN
Tesouraria excedentária:               FM > FMN

Tesouraria deficitária:

Advém de políticas de investimento e financiamento inadequadas, fraco ritmo de depreciação e amortizações anuais, fracos níveis de rendabilidade global, excessiva distribuição dividendos, elevados níveis de FMN (aumento do crédito concedido, aumento dos níveis de existência e redução de prazos de pagamento).

Tesouraria excedentária:

Elevados níveis de autofinanciamento, forte ritmo de depreciação e amortização anuais, políticas de financiamento demasiadamente conservadoras (retenção de lucros e excessivo recurso a crédito de médio e longo prazo), capitais permanentes demasiadamente elevados, reduzidos níveis de FMN (redução do crédito concedido e redução dos níveis de stocks).

Cálculo da Tesouraria

A Tesouraria de uma empresa obtém-se com a fórmula T = FM - FMN

FM = Capitais Permanentes – Ativo Não Corrente

Em que,

Capitais Próprios = Capital realizado + Resultado Líquido do período

Contas a pagar no médio e Longo Prazo = Financiamentos obtidos (empréstimo bancário)

Capitais Permanentes = Capitais Próprios + Contas a pagar no médio e Longo Prazo

Ativo Não Corrente = Investimento total - Depreciações acumuladas


FMN = Necessidades Financeiras cujo financiamento não se encontra coberto por Recursos Financeiros

Necessidades financeiras de Exploração = Reserva de segurança + Clientes + (- Perdas por imparidade + Inventários

Recursos Financeiros de Exploração =Fornecedores - EOEP

FMN = Necessidades Financeiras – Recursos Financeiros


Tesouraria da Empresa = FM - FMN

Rubricas do Balanço Funcional:

Necessidades Cíclicas de Exploração:

Decorrem do ciclo de exploração e são consideradas permanentemente renováveis.

Explo:

Reserva de segurança de tesouraria, volume de crédito concedido aos clientes de acordo com as condições de recebimento pré-negociadas, volume de crédito titulado concedido aos clientes insuscetível de desconto bancário ou integrável nos plafonds de desconto negociados, montantes de adiantamento aos fornecedores em conformidade com as condições negociadas ou praticadas no setor, volume de stocks que garantem o funcionamento do ciclo de exploração da empresa.

Recursos Cíclicos de Exploração:

Resultam do ciclo de exploração e são considerados permanentemente renováveis.

Explo: volume de crédito obtido de fornecedores, resultantes das condições de pagamento pré-negociadas ou das práticas comuns do setor de atividade em que a empresa se insere, plafonds para crédito titulado obtido de fornecedores, crédito normal obtido dos trabalhadores da empresa, adiantamento de clientes em conformidade com as condições previamente negociadas ou praticadas no setor da atividade, crédito obtido do Estado e de Outros Entes públicos não resultante de quaisquer situações litigiosas ou de mora (IVA, SS, IRS retido, etc.)

Fundo de Maneio Necessário (FMN) correspondente às necessidades cíclicas não cobertas por recursos cíclicos:

Tesouraria Ativa:

Ativos líquidos e quase líquidos – inclui rubricas não integradas no FMN e com elevado grau de liquidez (caixa, depósitos bancários, instrumentos financeiros e outras rubricas realizáveis no curto prazo não associado ao ciclo de exploração).

Tesouraria Passiva:

Compreende rubricas resultantes de decisões de financiamento que não sejam de exploração.

Inclui rubricas não integradas no FMN e com elevado grau de exigibilidade (empréstimos bancários, rendas de leasing, diferimentos de despesa, letras descontadas e não vencidas, etc.)

Tesouraria Líquida:

É a diferença entre a Tesouraria Ativa e a Tesouraria Passiva

Explo: Ficha Fundo de Maneio Necessário

O FMN corresponde às necessidades cíclicas não cobertas por recursos cíclicos, logo haverá necessidades cíclicas (NC) e recursos cíclicos (RC):

FMN = NC – RC

 

 


 

Informação financeira de base à Análise Económica e Financeira

Informação financeira que serve de base à análise económica e financeira: Balanços Financeiros e Funcionais.

A análise económica e financeira visa dar a conhecer, ao longo de um certo período, a situação de equilíbrio financeiro, a situação económica, a rendibilidade e, por conseguinte, a eficiência dos recursos postos à disposição da empresa.

As realidades contabilísticas e financeiras não são idênticas.

Existem divergências entre ambas que requerem uma adaptação dos documentos contabilísticos, especialmente do Balanço e da DR por natureza, porquanto à fatores patrimoniais que poderão decorrer e implicar a verdadeira situação económica e financeira da empresa.

A análise económica e financeira assenta nesses documentos contabilísticos antecipadamente, ajustados para efeitos de análise.

Acresce que deverão ser observados outros elementos, nomeadamente relatórios de atividade e outras publicações de diversa índole, nomeadamente de instituições de crédito e da imprensa especializada.

O Balanço Financeiro resulta dos ajustamentos financeiros a efetuar ao Balanço Contabilístico, na sequência do trabalho de confirmação e veracidade e fiabilidade de informação disponível e da reclassificação de rubricas com vista a extrair a informação mais adequada para a análise económica e financeira.

Com a introdução do SNC alguns ajustamentos que seriam necessários com o POC tornaram-se desnecessários, pois o Balanço Contabilístico passou a refleti-los.

Porém, criaram-se outros problemas, nomeadamente com a determinação do Ativo Bruto, pelo fato do ativo ser registado pelo seu valor líquido.

Os ajustamentos dos movimentos contabilísticos também são extensíveis à DR por natureza.

A análise económico-financeira normalmente abrange um período entre 3 a 5 anos. As DF referentes a esse período deverão ser preparadas mediante a utilização de um conjunto de critérios de ajustamento estável que viabilizem a comparação das rubricas no período de estudo.

Operações a considerar:

- Transferir para Contas a receber de curto prazo ou médio e longo prazo (outros ativos não correntes) os depósitos cativos para caucionar as obrigações que a empresa tem perante terceiros, de acordo com a data prevista para o cumprimento do fato que motivou a constituição do depósito.

- Transferir para Clientes de cobrança duvidosa o valor dos cheques sem previsão.

- Transferir as contas a receber de médio e longo prazo (não tituladas ou tituladas não descontáveis de imediato) para Outros ativos não correntes.
- Transferir as dívidas dos sócios/acionistas à empresa para Outros ativos não correntes, dado que normalmente têm um baixo grau de liquidez.

- Considerar os Suprimentos como contas a pagar de médio e longo prazo, dado o seu baixo grau de exigibilidade.

- Separar os Gastos e Perdas de exploração dos Gastos e Perdas de extraexploração.

- Criar a conta Outros Gastos para registar todos os gastos e perdas de extraexploração, nomeadamente os associados ao investimento, como por exemplo, Gastos e Perdas em investimentos não financeiros ou financeiros, Perdas por redução do justo valor ou outros não especificados.

- Separar os Rendimentos e Ganhos de exploração dos Rendimentos e Ganhos de extraexploração, nomeadamente os Ganhos por aumento do justo valor, outros rendimentos e ganhos associados aos investimentos ou outros não especificados.

Balanço Funcional

Resulta da preparação do Balanço Contabilístico para efeitos de análise económico-financeira e associa as Aplicações e as Origens de fundos aos ciclos financeiros da empresa.

Ciclo Financeiro

O ciclo financeiro abrange o conjunto de fluxos financeiros que sustentam as operações que decorrem entre a empresa e outros agentes económicos.

A empresa desenvolve a sua atividade em três ciclos: ciclo de exploração, ciclo de investimento e ciclo de financiamento.

Ciclo de Exploração:

Ou operacional, que abrange um conjunto de atividades e de decisões que decorrem desde o momento da aquisição das existências até ao recebimento das vendas.

Ciclo de Investimento:

Engloba as atividades e decisões referentes à análise e avaliação dos investimentos e desinvestimentos.

Ciclo de Financiamento:

Ou das operações financeiras, que corresponde às atividades e decisões de angariação de fundos destinados a financiar os investimentos e as necessidades de financiamento do ciclo de exploração.

Este ciclo abrange o ciclo de exploração o Ciclo de Operações de Capital que visa obter fundos estáveis para o financiamento dos investimentos realizados (estáveis) e do Ciclo das Operações de Tesouraria, que visa gerir as disponibilidades, quase disponibilidades e assegurar as insuficiências de fluxos de caixa.



Demonstrações dos Resultados por Natureza

Enquanto o Balanço traduz a situação patrimonial num momento específico (fotografia), a Demonstração dos resultados por natureza (DR) pretende evidenciar a formação dos resultados ao longo de um período determinado, geralmente 1 ano (filme).

Avalia o desempenho económico da atividade, pondo em evidência os rendimentos gerados e os gastos associados.

Os elementos constitutivos da DR, e a sua definição tendo em conta a estrutura conceptual subjacente ao SNC, são:

1- Aumento nos benefícios económicos durante o período contabilístico, relacionados com o aumento no ativo ou com uma diminuição do passivo e que possa ser quantificado com fiabilidade.

Os rendimentos englobam:

Réditos:

Que são gerados internamente e surgem no decurso das atividades ordinárias de uma entidade (vendas, honorários, juros, dividendos, royalties e rendas).

Os réditos devem ser mensurados pelo justo valor da retribuição recebida ou a receber, pelo que devem ser líquidos, por exemplo, de descontos comerciais concedidos, devoluções realizadas pelos clientes e impostos, dado que estes não se vão traduzir em benefícios económicos.

Ganhos:

Incluem rendimentos que não fazem parte do objetivo principal da entidade (alienação de ativos fixos tangíveis, subsídios recebidos, donativos, etc.)

2 – Diminuição dos benefícios económicos (Gastos) são exfluxos (saídas), depreciamentos (diminuição) de ativos, incorrência (aumentos) dos passivos que resultam de diminuições do Capital Próprio, que não sejam relacionadas com distribuições aos participantes no Capital Próprio.

O Resultado Líquido do período corresponde à diferença entre os Rendimentos e os Gastos:

RL = Rendimentos – Gastos


Rubricas da DR por natureza

Vendas e Serviços prestados:

Regista os réditos referentes a vendas e a prestação de serviços no período, líquidos de descontos comerciais, abatimentos e bónus concedidos, de devoluções realizadas pelos clientes e dos montantes de IVA liquidados.

Subsídios à exploração:

Exclui subsídios ao investimento. Os subsídios à exploração normalmente são atribuídos pelo Estado ou por Entidades públicas e os montantes contratados devem ser reconhecidos como rendimento do período, independentemente do recebimento.

No entanto, se os subsídios visarem cobrir gastos de períodos futuros (matérias primas, etc.) devem ser diferidos.

Variação nos inventários de produção:

Inclui a diferença entre os inventários no final e no início do período dos produtos acabados e intermédios, dos subprodutos, dos resíduos e refugos e dos produtos e trabalhos em curso, valorizados pelo método de custeio de produção.

Trabalhos para a própria entidade:

Sob administração direta aplicando meios próprios ou adquiridos para o efeito e que se destinam aos seus ativos (fixos tangíveis, intangíveis, propriedades de investimento ou deferimento).

Gastos diretamente imputados à construção do Ativo (registo imediato do Balanço) ou que sejam reconhecidos nas respetivas rubricas da DR.

Somente estes últimos serão registados nesta rubrica, que será balanceada com a rubrica do correspondente Ativo no Balanço.

CMVMC

Nas empresas industriais corresponde ao custo das matérias-primas, subsidiárias e de consumo (CMC) consumidas no processo produtivo de que resultam os produtos acabados que a empresa destina à comercialização.

Nas empresas comerciais corresponde ao custo de aquisição das mercadorias (CMV).

Fornecimento de Serviços Externos:

Regista gastos incorridos no período relativo à aquisição de bens de consumo imediato (não armazenáveis) e de serviços prestados por entidades terceiras, tais como subcontratos, serviços especializados (trabalhos especializados, publicidade e propaganda, vigilância e segurança, honorários, comissões, conservação, reparação, etc.), materiais (ferramentas e utensílios de desgaste rápido, livros e documentação técnicas, material de escritório e artigos para oferta), energia e fluídos, deslocações, estadas e transportes e serviços diversos (rendas e alugueres, comissões, seguros, royalties, contencioso e notariado, despesas de representação e limpeza, higiene e conforto).

Gastos com pessoal:

São as remunerações atribuídas a recursos humanos, bem como os encargos sociais por conta da entidade patronal, os seguros relativos com o pessoal e outros gastos de caráter social.

Os serviços prestados pelos trabalhadores independentes são reconhecidos como FSE.

Imparidades de Inventários:

Perdas e Reversões - Divulga a imparidade em inventários reconhecida no período.

Explo:

Em n:          PV:                                 €1.000
                   Custo unitário:                 €1.100
                   Perda por imparidade:      €100

Em n+1:      PV:                                 €1.050

Aqui, deverá reconhecer-se uma reversão de imparidade no montante de €50 (registada com sinal +)

A reversão só poderá ser efetuada até ao limite do ajustamento anteriormente reconhecido.

Imparidade das dívidas a receber (perdas e reversões):

Tal como o ponto anterior, reflete a redução do valor ativo quando se estima não recuperar as quantias credoras.
        
Provisões (Aumentos e Reduções):

Evidencia a quantidade correspondente aos movimentos do período, resultantes da criação, reforço, utilização ou redução (reversão) das provisões de diversa natureza, nomeadamente para garantias a clientes com processos judiciais em curso e acidentes de trabalho e doenças profissionais.

Outras Imparidades (Perdas e Reversões):

Têm caráter residual. Contabilizando as imparidades não reconhecidas nas rubricas anteriores.

Explo: imparidades referentes a investimentos financeiros, propriedades de investimento, ativos fixos tangíveis e ativos intangíveis.

Aumentos / Reduções de Justo Valor:

Regista as alterações no Justo Valor verificadas no período, nomeadamente em instrumentos financeiros, investimentos financeiros e me propriedades de investimento.

As oscilações podem ser positivas ou negativas, originando ganhos ou perdas.

Outros Rendimentos e Ganhos:

De caráter residual. Divulga ganhos e rendimentos realizados que, não sendo de financiamento, não foram considerados nas rubricas anteriores.

Evidencia rendimentos suplementares (aluguer de equipamento, estudos, projetos e assistência tecnológica, royalties, etc.), descontos de pronto pagamento obtidos, recuperação de dívidas a receber, ganhos e inventários, rendimentos e ganhos em ativos financeiros e em investimentos não financeiros, correções relativas a exercícios anteriores, excesso de estimativa para impostos, imputação de subsídios a investimentos, ganhos em outros instrumentos financeiros e restituição de impostos.

Outros Gastos e Perdas:

De caráter residual. Divulga gastos e perdas realizados, que não sendo de financiamento, não foram considerados em rubricas anteriores. Evidencia impostos, taxas, descontos de pronto pagamento concedidos, dívidas incobráveis, perdas em inventários, gastos e perdas nos investimentos financeiros e em investimentos não financeiros, correção relativas a exercícios anteriores, donativos, quotizações, ofertas e amostras de inventários, insuficiências de estima para impostos e perdas em instrumentos financeiros.

Gastos / Reversão de depreciação e amortização:

Evidencia a depreciação (ativos fixos tangíveis) e as amortizações (ativos intangíveis) referentes ao período.

Também reflete reversões (reduções ou anulações) de depreciação e amortização pelo que o valor poderá ser negativo ou positivo.

Juros e Rendimentos similares obtidos:

Rendimentos obtidos pela aplicação de quantias de financiamento obtidos e ainda não utilizados.

Juros e Gastos similares suportados:

Os custos dos empréstimos obtidos são os custos dos juros e outros incorridos por uma entidade relativos ao período de empréstimo de fundos.

Os custos dos empréstimos obtidos são, regra geral, contabilizados como gastos do período.

Contudo, se o empréstimo se destina a financiar a aquisição, a construção ou produção de um ativo que se qualifica (ativo que leva um período substancial de tempo para ficar pronto para o uso pretendido ou para venda que poderá ser, por exemplo, inventários ou propriedades de investimento), os encargos financeiros poderão ser incluídos nos valores dos ativos, se deles resultarem benefícios económicos futuros para a entidade e tais custos sejam fiavelmente mensurados.

Caso contrário, serão considerados gastos do período.

Imposto sobre o Rendimento do período:

Estima o montante de imposto sobre o rendimento a suportar pela entidade.

Explo:

É falso dizer que o Resultado Operacional corresponde à diferença entre os rendimentos e os gastos e que os subsídios ao investimento são incluídos na rubrica de subsídios à exploração.

É verdade dizer que os réditos são gerados internamente e surgem no decurso das atividades ordinárias da entidade.


A rubrica de vendas e serviços prestados é líquida de descontos comerciais.

Passivo ou Capital Alheio

Regista os valores a pagar pela empresa a curto prazo, incluindo dívidas a fornecedores, outras contas a pagar à banca (fornecedores de investimentos), Financiamentos obtidos (empréstimos bancários) e ao Estado e a Outros entes públicos e valores a pagar pela empresa a médio e longo prazo (empréstimos bancários e sócios).

Traduz o conjunto de obrigações que implicam saídas (exfluxos de recursos) que absorvem benefícios económicos e que são consequência de acontecimentos passados.

É uma obrigação presente da entidade, proveniente de acontecimentos passados e que resultará num fluxo de recursos incorporando benefícios económicos (exfluxo).

Um Passivo é classificado como Corrente ou não Corrente

Passivo corrente

Quando se verificar um dos seguintes critérios:

Espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade, esteja detido essencialmente para a finalidade de ser renegociável e deva ser liquidado num período até 12 meses após a data do balanço ou a entidade não tenha um direito incondicional de definir a liquidação do passivo durante pelo menos 12 meses após a data do balanço.

As rubricas são:

Fornecedores:

Regista todas as dívidas que a entidade tem para com os Fornecedores de bens e serviços necessários ao desenvolvimento da sua atividade, excluindo os destinados aos investimentos da entidade.

Adiantamento de clientes:

Regista as quantias que os clientes adiantam à entidade por conta dos bens e serviços fornecidos, sem preço previamente fixado.

Estado e Outros Entes públicos:

São as obrigações da entidade para com o Estado, Autarquias locais e outros entes públicos que tenham caraterísticas de cobrança de taxas e impostos, nomeadamente retenções efetuadas a terceiros por conta do IRS e contribuições para a Segurança Social retidas aquando do processamento de salários.

Acionistas e Sócios:

Obrigações que a entidade tem perante os seus sócios ou acionistas

Diferimentos:

Evidencia um rendimento que respeite ao período seguinte mas que originou receita e recebimento no período (rendas, etc.)

Outras contas a pagar:

De caráter residual. Regista obrigações sobre terceiros não evidenciados noutras rubricas, tais como dívidas a fornecedores de investimento e adiantamento de clientes com preço fixado.

Outros Passivos Financeiros:

De caráter residual. Regista obrigações não contabilizadas noutras rubricas.

Passivo não corrente

Provisões

Correspondem a obrigações face a terceiros de quantia incerta ou de ocorrência temporal incerta.

Para a constituição de provisão deve-se ter em conta que existe uma obrigação presente proveniente de um acontecimento passado, que é provável uma saída de recursos para liquidar a obrigação e pode efetuar-se uma estimativa fiável da obrigação.

Constituem-se provisões para contratos onerosos em que o benefício económico esperado será superior ao custo inevitável, para processos judiciais em curso, para liquidação de impostos, etc.

Os Passivos contingentes associados a perdas possíveis, mas não mensurados com fiabilidade não devem originar constituição de provisões, mas informação no Anexo.

Financiamentos obtidos:

Empréstimos obtidos pela empresa para financiarem as atividades, tal como empréstimos bancários, empréstimos por obrigações, financiamentos obtidos através de contratos de locação financeira ou de factoring e empréstimos efetuados pelas entidades participantes no capital.

Poderão figurar no Passivo corrente ou no Passivo não corrente, consoante o capital se vença no decurso normal do período da atividade (curto prazo) ou não (médio e longo prazo).

Capital Próprio

É o interesse residual nos ativos das entidades depois de se deduzir todo o passivo:

Capital realizado + Resultados Transitados + Resultado Líquido Retido.

O Capital Próprio da empresa, também denominado Situação Líquida é representado pela diferença entre o Ativo e o Passivo (CP = A – P) e corresponde ao interesse residual nos ativos da entidade, depois de deduzir todos os passivos.
As rubricas são:

Capital realizado:

Capital social deduzido da parte não realizada. Subscrito o Capital social, os sócios e acionistas tornam-se devedores da sociedade, o que os obriga à entrega de dinheiro ou bens nos prazos estabelecidos.

Se as entradas forem inferiores ao valor subscrito, verifica-se Capital não realizado, cujo valor é refletido no capital próprio através desta rubrica.

Ações/quotas próprias:

Adquiridas pela entidade, refletindo um ato de gestão. O código das sociedades comerciais prevê algumas condições que limitam esta operação. A aquisição de ações/quotas próprias é evidenciada no 2º Membro do Balanço em dedução do Capital Próprio.

Outros instrumentos de Capital Próprio:

São as Prestações Suplementares obrigatoriamente realizadas em dinheiro, na modalidade de não ser expetável a sua restituição aos titulares.

As Prestações suplementares têm uma natureza diferente dos Suprimentos que são passivos financeiros.

As Prestações Acessórias que poderão assumir natureza diversa pecuniária ou não.

Prémios de emissão:

Que consistem na diferença entre o valor da subscrição (preço pelo qual o título é colocado no mercado) e o valor nominal da unidade de participação que os sócios/acionistas têm de desembolsar para adquirir as ações/quotas.

Prémio de emissão = valor da subscrição – valor nominal

Reservas Legais:

Têm origem, são provenientes de lucros, de capital e de revalorização.

As Reservas de lucros são constituídas com base nos lucros gerados pela entidade e não são distribuídos.

As Reservas de Capital são resultado de subsídios obtidos, por exemplo de subsídios de investimento.

As Reservas de Valorização correspondem a retificações ou atualizações dos investimentos da empresa.

Reserva Legal:

O código das sociedades comerciais exige a criação da Reserva Legal que consiste em reter lucros anuais correspondentes a uma taxa de 5% ou mais, até que represente 20% do Capital Social.

Outras reservas:

Para além da Reserva Legal.

Resultados transitados:

Resultados do período anterior – Prejuízos ou Lucros que não foram aplicados.

Excedentes de revalorização:

Regista os acréscimos de valor dos ativos tangíveis valorizados.

Caso ocorram desvalorizações o excedente será diminuído até ao seu limite, a partir do qual é reconhecido um gasto do período (imparidade).

Outras variações no Capital Próprio:

Acolhe todas as alterações do Capital Próprio que não sejam de registar noutras rubricas, tais como subsídios não reembolsáveis cujos efeitos se estimem em mais do que um período económico.

Estes subsídios são transferidos anualmente para rendimentos na porporção em que a depreciação dos ativos é reconhecida.

Resultado Liquido do período:

Resultados Líquidos do período = Rendimentos do período – Gastos do período

Deduzidos do Imposto sobre o Rendimento.

Resumindo – Explo:

Ativos Não Corrente: Investimentos financeiros, Propriedades de investimento, Acionistas e sócios, Ativos fixos tangíveis.

Ativo Corrente: Diferimentos, Estado e Outros Entes Públicos, Inventários, Caixa e Depósitos bancários.

Passivo Não Corrente: Provisões

Passivo Corrente: Diferimentos, Estado e Outros Entes Públicos, Fornecedores, Financiamentos obtidos de curto prazo.

Capital Próprio: Prémios de emissão, quotas próprias/ações, Reservas legais.


Ativo corrente

Quando se verifica um dos seguintes critérios:

Espera-se que seja realizado ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado, espera-se que seja realizado num período até 12 meses após data de balanço ou é caixa ou equivalente de caixa, a menos que lhes seja limitada a troca ou uso para liquidar um passivo durante pelo menos 12 meses após a data do balanço.
É um recurso controlado pela entidade como resultado de acontecimentos passados e do qual se espera que fluam, para a entidade obter benefícios económicos futuros.

O Ativo de uma empresa (1º Membro do Balanço) representa por ordem crescente de liquidez os conjuntos dos recursos controlados pela entidade que geram benefícios económicos no futuro e que são consequência de acontecimentos passados.

Nem todos os recursos da empresa são ativos: enquanto uma impressora adquirida é um ativo, a contratação de um trabalhador não é um ativo, apesar de ser um recurso humano, pois a empresa não o controla – a pessoa tem vontade própria, inclusive de abandonar a empresa através da rescisão de contrato.

O ativo é, de uma forma sintética, composto pelas seguintes rubricas:

Inventários e Ativos Biológicos:

São bens que a empresa detém em armazém, quer sejam para venda (mercadorias, produtos acabados resultantes da produção própria ou subprodutos, resíduos ou refugos com valor de mercado e outras matérias em posse da empresa que comercializa ou transforma a sua atividade produtiva) ou para integração no processo produtivo deduzidas a perdas por imparidade.

Os inventários apresentados no Ativo corrente devem ser mensurados pelo custo (de aquisição ou produção) ou pelo valor realizável liquido (PV estimado deduzido dos custos necessários para que a venda possa ser efetivada).

Perda por imparidade = Valor escriturada na contabilidade – Valor recuperável liquida

A obsolência tecnológica é também um exemplo de imparidade em inventários. Os custos dos empréstimos obtidos podem ser incluídos nos inventários desde que estes requeiram menos de 1 ano para ficarem prontos para venda, para que o inventário seja ativo que se qualifica (imobiliário, vinhos, etc.).

Contas a receber a curto prazo:

Clientes e Outras Contas a receber, apresentam todos os direitos sobre os compradores de bens produzidos e vendidos e/ou de serviços prestados pela entidade, deduzidos das perdas por imparidade

As perdas por imparidade ocorrem quando existem fundadas dúvidas sobre a sua cobrança motivadas por fatores como o incumprimento de prazos normais de crédito concedido, créditos já reclamados judicialmente, etc.

Nb: Independentemente do prazo de recebimento figurar sempre no Ativo corrente.

Investimentos:

Ativo Intangível, Ativo Fixo Tangível, Investimentos Financeiros e Depreciações Acumuladas.

Meios Financeiros Líquidos:

Adiantamento a fornecedores

Regista as entregas feitas pela empresa no sentido de assegurar o fornecimento de bens e serviços por parte dos fornecedores correntes ou de investidores.

O tratamento contabilístico impõe que se distinga se a transação do bem tem ou não preço fixado, deduzido das perdas de imparidade.

Estado e Outros Entes Públicos

Evidencia os direitos sobre o Estado, autarquias locais e outros entes públicos que tenham caraterísticas de taxar e cobrar impostos, pagamentos por conta do IRC, IVA a reportar ou a reembolsar e retenção por conta do IRC, realizadas por outras entidades.

Outras Contas a Receber

Tem caráter residual. Regista direitos sobre terceiros não evidenciados noutras rubricas.

Diferimentos

Evidencia um gasto que respeita aos períodos seguintes, mas que originam despesa e pagamento no período (encargos com seguros, etc.).

Outros Ativos Financeiros - Investimentos:

Tem caráter residual. Regista direitos não contabilizados noutras rubricas, como por exemplo Bens fixos tangíveis, bens intangíveis e investimentos financeiros com caráter de permanência na empresa por um período superior a 1 ano.

Caixa e Depósitos Bancários:

Regista fundos líquidos da empresa representados através de dinheiro em caixa de fundos quase líquidos, como depósitos bancários superiores a 1 ano.

Meios financeiros líquidos, valores em caixa depositados no banco ou aplicados em títulos com vencimento a curto prazo.

O SNC introduziu, para realçar a ideia de Ajustamentos dos elementos ativos o conceito de Imparidade: a perda por imparidade é defendida como o excedente da quantia escriturada de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa em relação à sua quantia recuperável.

Consiste no valor do ativo inscrito no balanço que não pode ser recuperado pelo uso ou pela venda.

Quando o valor recuperável do ativo (o maior de valor realizável liquido ou valor de usos) for inferior no seu valor líquido contabilístico – o valor recuperável do ativo é menor que o valor líquido contabilístico.

Explo de Perda por Imparidade:

Compra de uma impressora por €5.000.
Em n+1 o preço de mercado do mesmo modelo da impressora é €4.500.

Não existe perda por imparidade, visto o valor de uso da impressora adquirida se manter.

Mas se, entretanto for lançado no mercado uma impressora inovadora que inova o método de impressão e que inviabiliza a utilização da impressora adquirida, nesse caso apura-se o valor de realização por venda da impressora e calcula-se o valor recuperável. Se este for inferior ao valor líquido contabilístico, reconhece-se a perda por imparidade.

Anualmente deve efetuar-se testes de imparidade aos ativos intangíveis com vida útil indefinida e aos ativos intangíveis em curso e ao goodwill da entidade.

Nos demais casos, deve avaliar-se se existem indicações de imparidade de ativos, à data de cada balanço (ativos tangíveis, outros ativos tangíveis, ativos disponíveis para venda, inventários e créditos).

Utilização do recurso independentemente da propriedade:

Um bem adquirido em locação financeira (leasing) é considerado ativo da empresa (locatária), mas a propriedade só será transmitida se no final do contrato o locatário (empresa) exercer o direito de opção de compra, adquirindo o bem.

No ativo, os recursos são representados em termos de valor líquido, não evidenciando as deduções, nomeadamente depreciações e amortizações acumuladas, as deduções por obsolência nos inventários e as deduções de dívidas de cobrança duvidosa nas contas a receber.

Ativo Não Corrente

Todos os outros ativos devem ser classificados como Ativo não corrente: Ativos Fixos tangíveis, Ativos Fixos não tangíveis.
Ativos Fixos Tangíveis
OS ativos fixos tangíveis são os bens que a empresa utiliza na sua atividade que não se destinam a ser vendidos ou transformados e que têm natureza corpórea com caráter de permanência, maior a 1 ano (terrenos, e recursos naturais, edifícios e outras construções, equipamento de transporte, equipamento administrativo).

Os ativos são apresentados no Balanço pelos valores líquidos das depreciações acumuladas que registam a desvalorização ou o desgaste ocorrido nos respetivos ativos da entidade.

Propriedades de Investimento:

Bens imóveis – terrenos e edifícios – detidos pelos proprietários ou pelo locatário de uma locação financeira para a obtenção de rendas ou para a valorização de capital ou para ambas, que não sejam para a utilização na produção ou no fornecimento de produtos e serviços ou para bens administrativos (ativos fixos tangíveis) ou para venda na atividade normal da empresa (inventários)

Investimentos Financeiros:

Inclui participação de capital em subsidiárias, associadas ou empreendimentos conjuntos, bem como os empréstimos concedidos a mais de um ano a tais entidades.

Também regista depósitos superiores a 1 ano, títulos de dívida até à maturidade ou superiores a 1 ano e outros investimentos financeiros detidos por mais do que 1 ano.

Acionistas e Sócios:

Regista os direitos que a entidade tem sobre os seus sócios ou acionistas, incluindo empréstimos concedidos e adiantamentos por conta de lucros.

Os direitos concorrentes de capital subscrito e não realizado pelos sócios ou acionistas não são evidenciados nessa conta.

A informação figura no Anexo e o valor realizado é deduzido ao Capital Social.

Ativos Intangíveis

São ativos não monetários sem existência física, que cumprem vários critérios, nomeadamente:

Identificabilidade:

O Ativo é separável para venda, transferência, licenciamento, aluguer ou troca ou proveniente de direitos contratuais.

Controlo:

Conferido por direitos legais (o pessoal especializado constitui recurso intangível mas não controlado, pois os empregados são livres de saírem da entidade).

Verifica-se a existência de benefícios económicos futuros, como sejam réditos da venda dos produtos ou economias de custo.

Ao contrário do POC, o SNC não permite a inclusão, como ativos intangíveis, de direitos e despesas de constituição, arranque e expansão, de formação, publicidade, atividades promocionais e gasto com pesquisa.

Outros exemplos de Ativos Intangíveis: valor da patente desenvolvida para comercialização de um novo medicamento, contratos de registo de jogadores que são contabilizados normalmente como ativos intangíveis e amortizados pelo período do contrato inicial.


Os Ativos intangíveis são apresentados no Balanço pelos valores líquidos das amortizações acumuladas que registam a desvalorização ou desgaste ocorrido nos respetivos ativos da entidade.