domingo, 7 de junho de 2015

Instrumentos de Financiamento a médio e longo prazo


O capital próprio constitui o núcleo mais estável e cativo dos capitais da empresa.

Confere estabilidade à sua atividade e corresponde aos fundos que nela forem aplicados pelos sócios, acrescidos de lucros retidos, nomeadamente capital social ou estatutário, reservas, resultados e prestações suplementares.

Já o capital alheio representa uma origem de fundos complementar ao financiamento com capital próprio.

O capital alheio pode subdividir-se em fontes de financiamento de curto prazo e em fontes de financiamento de médio e de longo prazo, consoante o grau de exigibilidade das dívidas – se forem iguais ou superiores a 1 ano.


Capital inicial:

Representa o capital pelo qual se constitui a empresa (quotas e ações).

Aumentos de Capital Social:

Entrada de dinheiro, em espécie e incorporação de reservas e concessão de créditos sobre a sociedade.

As formas mais adequadas para o financiamento de um projeto são:

- Subscrição de novas ações ou quotas em numerário, aumentando a liquidez da empresa,

- Aumento de capital através da entrega de ativos fixos (terrenos, equipamentos, etc.) e/ou de ativo circulante (clientes, existências, etc.) pelos sócios/acionistas como contrapartida do capital subscrito.

Estas formas acarretam um acréscimo do potencial económico à empresa, pois os aumentos de capital têm diferentes efeitos,

- Os aumentos de capital por incorporação de reservas provocam somente uma alteração qualitativa do capital próprio.

- A conversão de créditos sobre a empresa (dívidas a fornecedores, suprimentos, etc.) em participação, no aumento de capital, contribui efetivamente para elevar o nível de capital próprio, através da redução do Passivo, o que não confere acréscimo de recursos à empresa, mas uma maior autonomia financeira e capacidade de endividamento.

Prestações suplementares de capital:

Constituem um financiamento dos sócios às sociedades por quotas. Trata-se de um meio jurídico para as empresas subcapitalizadas.

Este tipo de financiamento só poderá efetivar-se se as prestações suplementares estiverem previstas no contrato da sociedade e após deliberação dos sócios.

As prestações suplementares só podem ser realizadas em dinheiro e o contrato de sociedade tem de fixar:

1.    O montante global das prestações suplementares,
2.    Os sócios que ficam obrigados a efetuar tais prestações,
3.    O critério de repartição das mesmas entre os sócios a elas obrigadas.

Autofinanciamento:

Calculado como o somatório dos resultados retidos na empresa, as depreciações e amortizações do exercício e dos ajustamentos e provisões.

Representa os recursos financeiros obtidos e retidos na empresa a fazer face ao reembolso das suas dívidas de médio e de longo prazo, à manutenção da sua atividade e à garantia do seu crescimento.

Por exemplo: através da implementação de novos projetos de investimento.
Esta forma de financiamento é particularmente afetada pela capacidade da empresa de gerar resultados e pela política de distribuição de resultados adotados pela empresa.

Capital de risco:

Pode constituir uma importante fonte de financiamento de projetos de investimento, sendo uma fonte prioritária para financiar a inovação, especialmente porque as empresas inovadoras enfrentam dificuldades na obtenção de fundos motivados pelos riscos associados às inovações tecnológicas, à limitação da oferta de capital social e à falta de ativos tangíveis que sirvam de base a garantias secundárias exigidas pelas instituições bancárias.

O capital de risco é um instrumento financeiro que consiste na tomada de uma participação temporária e minoritária por parte de uma sociedade de capital de risco (SCR) no capital social de uma empresa, assegurando-lhe suporte financeiro.

A SCR (minoritária) pretende valorizar a empresa para que a sua participação possa, a médio e longo prazo, ser alienada por um preço compensador.

O capital de risco constitui um recurso financeiro que poderá ser utilizado para fazer face a uma multiplicidade de situações, pelo que pode assumir uma das seguintes categorias:

1.    Capital semente (seed capital): que visa o apoio a projetos empresariais antes da instalação do negócio ou ao desenvolvimento de produtos a partir de projetos ou estudos,
2.    Capital de arranque (Start Up): implica investimento no capital das empresas em funcionamento ou em processo final de instalação, mas que ainda não iniciaram a comercialização dos produtos ou serviços e que carecem de apoio nesta área (ocorre frequentemente a nível de marketing).
3.    Capital de desenvolvimento: reforça a capacidade competitiva da empresa através do apoio ao acréscimo orgânico ou por aquisição de empresa ou de estabelecimento interno.
4.    Capital de recuperação: visa a restruturação de empresas que se encontram em situação difícil.
5.    Management Buy Out (MBO): o financiamento destina-se a dotar a equipa de gestão interna dos meios necessários à aquisição de um montante significativo do seu capital.
6.    Management Buy In (MBI): o financiamento proporcionará os recursos para que uma equipa de gestores externa à empresa-alvo a possa adquirir. 
7.    Bridge Financing: o investimento destina-se a apoiar empresas em que se prespetiva que num curto período de tempo se efetuará a transição da empresa para cotação de mercado em bolsa.

A participação de uma SCR numa empresa requer um estudo prévio consistente que se inicia com a identificação do projeto.

Nesta fase o empreendedor apresenta o projeto de forma a interessar o potencial investidor e é feita uma avaliação prévia.

Segue-se um estudo aprofundado do investimento: a negociação e, eventualmente, a assinatura do contrato.

Posteriormente ocorrerá a participação na empresa por parte da SCR durante um período mais ou menos longo (5 a 7 anos).

As vantagens do capital de risco, face ao endividamento de médio e longo prazo, é que não vence juros periódicos, não exige garantias secundárias e a empresa beneficiai da carteira de contatos da SCR e aumenta a sua credibilidade e força negocial junto das instituições financeiras.


Sem comentários:

Enviar um comentário