sexta-feira, 1 de maio de 2015

Cash-flow e Lucro contabilístico


A DR previsionais constituem documentos base para a elaboração de projetos de investimento, registando rendimentos e gastos previstos para os projetos em análise.

A DR permite o apuramento do lucro contabilístico de cada período futuro. No entanto esses valores não podem ser comparados com o investimento inicial dado serem obtidos numa prespetiva de rendimento e gastos (ótica económica), em vez de receitas e despesas (ótica financeira).

Os lucros contabilísticos são influenciados por critérios contabilísticos subjetivos, como as políticas de provisões, de depreciações e amortizações, de valorimetria dos inventários, da consolidação de contas ou, mais recentemente, de gastos associados às opções sobre ações atribuídas aos gestores.

O Cash-flow é um conceito mais objetivo do que o Lucro Contabilístico e menos dependente de critérios contabilísticos.

A entrada de dinheiro em caixa designa-se de cash inflow ou fluxo de caixa positivo.

A saída de dinheiro de caixa designa-se de cash outflow ou fluxo de caixa negativo.

Explo:

Investimento:                              Compra camião por 5 anos por €100.000
Depreciação:                              5 anos
Método das quotas constantes:   20%/ano

Análise na ótica económica (rendimento e gastos): gasto de €20.000, com uma depreciação anual durante 5 anos.

Análise na ótica financeira (receitas e despesas): Ocorre uma despesa no momento inicial de €100.000 que é tratada como cash-flow negativo.

A diferença do valor do dinheiro no tempo:

Em alternativa, se tivesse ocorrido um aluguer do camião, por €20.000, durante 5 anos, o impato económico sobre os resultados seria exatamente o mesmo, mas, o impato financeiro seria mais vantajoso devido ao menor valor atual das rendas a liquidar anualmente, comparativamente como o desembolso inicial no caso da compra.



Despesa/Receita:                       ótica financeira
Gasto/Rendimento:                   ótica económica
Pagamento/Recebimento:           ótica tesouraria

As despesas ocorrem no montante da realização da compra e respeitam a obrigações financeiras decorrentes de aquisições de bens e serviços.

As receitas ocorrem no momento da realização da venda e respeitam a direitos decorrentes de vendas de bens e serviços.

Os gastos correspondem a um critério de imputação contabilístico dos valores incorporados na atividade.

Os rendimentos correspondem a um critério de imputação contabilística dos valores gerados pela atividade.

Os pagamentos referem-se à saída monetária da empresa.

Os recebimentos referem-se à entrada de unidades monetárias na empresa.

Determinação do cash-flow


A avaliação empresarial de um projeto de investimento é desenvolvida em duas etapas:

Avaliação Económica:

Estudo da viabilidade económica do projeto não considerando a especificidade do seu financiamento, ou seja, assumindo que o projeto é financiado exclusivamente com capitais próprios.

É utilizado o conceito dos cash-flows:

Meios Libertos de Exploração = Resultados Antes de Juros Suportados e Impostos (RAJSI) x (1 – Taxa de Imposto sobre Rendimento do Período) +- Depreciações e Amortizações do Período) +- Imparidades do Período +- Provisões do Período +- Variações de Justo Valor do Período

Pressupostos:

O financiamento é assegurado exclusivamente por Capital Próprio, todos os Gastos de exploração são fiscalmente aceites para estimativa anual do imposto sobre o rendimento do período (ISRP) e os resultados líquidos são obtidos com base na Taxa Marginal de imposto sobre o rendimento, acrescido de Derrama.



No cálculo dos MLE consideram-se os Gastos não reembolsáveis e os rendimentos não desembolsáveis.

Explo:

As Depreciações e Amortizações constituem custos não desembolsáveis, ou seja, não origem pagamentos, evidenciando desta forma a dupla contagem do custo de investimento.

Avaliação Financeira:

Estudo da viabilidade financeira do projeto atendendo à especificidade da sua forma de financiamento.

O cash-flow de investimento / desinvestimento abrange os fluxos associados ao Capital Fixo, Fundo de Maneio Necessário e Valor Residual.

Fluxo de Investimento = Investimento em Capital Fixo + Investimento em FMN – Desinvestimento em Capital Fixo e FMN – Valor residual do investimento

Pressupostos:

O investimento em Capital Fixo inclui despesas associadas à aquisição de ativos fixos tangíveis (terrenos, edifícios e equipamento) e intangíveis (patentes, licenças e publicidade e formação de pessoal na fase de investimento), investimento em FMN que regista todas as variações positivas do nível do FMN do projeto, desinvestimento em capital fixo que ocorre quando se verifica alienações do património.

Se a atividade cessar no período em análise, o valor residual do investimento representa o valor contabilístico do ativo ou o valor estimado do mercado.

Se se admitir a continuidade do projeto, o valor corresponde ao valor atual do montante de todos os cash-flow posteriormente a esse período.

Com frequência, o valor residual do investimento em capital fixo é estimado com base no seu valor líquido contabilístico (valor de aquisição do bem deduzido das depreciações acumuladas), o que constitui um método simplificador, mas não menos adequado que o valor de rendimento ou o valor de mercado.

O desinvestimento em FMN regista todas as variações negativas do nível de FMN do projeto, pois num projeto sem continuação o valor residual do investimento em FMN corresponde exatamente ao valor de FMN existente no período.

Na maioria das empresas as necessidades financeiras de exploração excedem os recursos devido à constituição de stocks elevados e concessão de crédito a clientes.

Sempre que aumentam a atividade, enfrentam um acréscimo de FMN, reforçando o investimento em FM.

Explo:

No negócio dos supermercados existe fraco volume de vendas a crédito e uma elevada rotação de stocks, logo acréscimo de atividade leva ao decréscimo do FMN e a um desinvestimento em FM

Nas empresas típicas a redução da atividade origina investimento em FM.

Cash-flow = MLE – Investimento em FMN – Investimento em Capital fixo – Desinvestimento em FMN + Valor Residual do Investimento

Os Cash-flow Incrementais permitem uma situação de interação, de complementaridade ou concorrência.

Não se deve imputar ao projeto todos os impatos sobre a restante atividade da empresa.

Em contrapartida, não se deve afetar ao projeto gastos que a empresa terá de suportar independentemente da sua realização (equipamento subaproveitado, mão-de-obra excedentária suportada pela empresa, etc.)

O critério a adotar para o cálculo dos cash-flows incrementais é o do custo de oportunidade do capital, onde se o valor for nulo não deve ser imputado ao valor do projeto.

Aplica-se o conceito de custos de oportunidade de capital, valorizados não pelo que custou (valor irreversível e irrelevante) mas pelo valor da sua melhor utilização alternativa.

Gastos Irreversíveis:

Os fluxos financeiros passados não devem influenciar as decisões atuais, pois as decisões atuais não podem ser influenciadas por acontecimentos passados.

Explo:

Os gastos de estudo de mercado para atualizar o nível de aceitação de certo produto é irreversível pelo que não deve ser imputado ao projeto.

Assim, como os custos de pesquisa e desenvolvimento e estudos de viabilidade anteriores ao momento de tomada de decisão.
Explo:

Exemplo A

€500.000     Compra (gasto irreversível)
€250.000     Utilização de equipamento (rendimento)
€200.000     Venda (custo de oportunidade, caso vendesse)

Logo, a exploração é compensada.

Exemplo B

€4.000         Investimento
€10.000       Investimento total previsto
€9.000         Queda de preços que reduz os cash-flows futuros (previsão revista para o valor atual dos cash-flows.

Suspende ou conclui construção?

O investimento já realizado deve ser tratado como irrelevante no que diz respeito à decisão atual.

Perda em cash-flow:                            €1.000
Investimento por realizar:                      €6.000
Valor atual dos cash-flows futuros:       €9.000

Logo, deve-se concluir a obra. Só na hipótese do valor da liquidação do património já existente ser maior do que €4.000 se justificaria o abandono do empreendimento.

Cash-Flow vs. Lucro Tributável

O cash-flow é um instrumento essencial para a avaliação económica de um projeto de investimento.

A preferência por este indicador face ao Lucro tributável resulta do lucro tributável ser afetado por critérios subjetivos, enquanto os cahs-flows se baseiam numa ótica de despesa/receita e não de gasto/rendimento, mais consentânea com a afetação dos fluxos de tesouraria no respetivo período. (LÓGICA DA ATUALIZAÇÃO).

Cash-flow: exploração, investimento e desinvestimento.

Notas:

Falso:

O estudo da viabilidade económica de um projeto considera a especificidade do seu financiamento.

O Investimento em FMN inclui as despesas associadas à aquisição de ativos fixos tangíveis e intangíveis

Verdadeiro:

No cálculo dos MLE consideram-se os gastos não desembolsáveis e os rendimentos não embolsáveis.

Na maioria das empresas as necessidades financeiras de exploração excedem os recursos devido à constituição de stocks e concessão de crédito a clientes.


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