A DR previsionais
constituem documentos base para a elaboração de projetos de investimento,
registando rendimentos e gastos previstos para os projetos em análise.
A DR permite o apuramento do lucro contabilístico de cada
período futuro. No entanto esses valores não podem ser comparados com o
investimento inicial dado serem obtidos numa prespetiva de rendimento e gastos (ótica económica), em vez de receitas e despesas (ótica financeira).
Os lucros contabilísticos são influenciados por critérios
contabilísticos subjetivos, como as políticas de provisões, de depreciações e
amortizações, de valorimetria dos inventários, da consolidação de contas ou,
mais recentemente, de gastos associados às opções sobre ações atribuídas aos
gestores.
O Cash-flow é um
conceito mais objetivo do que o Lucro Contabilístico e menos dependente de
critérios contabilísticos.
A entrada de dinheiro em caixa designa-se de cash inflow ou fluxo de caixa positivo.
A saída de dinheiro de caixa designa-se de cash outflow ou fluxo de caixa negativo.
Explo:
Investimento: Compra
camião por 5 anos por €100.000
Depreciação: 5
anos
Método das quotas constantes: 20%/ano
Análise na ótica
económica (rendimento e gastos): gasto de €20.000, com uma depreciação
anual durante 5 anos.
Análise na ótica
financeira (receitas e despesas): Ocorre uma despesa no momento inicial de
€100.000 que é tratada como cash-flow negativo.
A diferença do valor do dinheiro no tempo:
Em alternativa, se tivesse ocorrido um aluguer do camião,
por €20.000, durante 5 anos, o impato económico
sobre os resultados seria exatamente o mesmo, mas, o impato financeiro seria mais vantajoso devido ao menor valor atual
das rendas a liquidar anualmente, comparativamente como o desembolso inicial no
caso da compra.
Despesa/Receita: ótica
financeira
Gasto/Rendimento: ótica
económica
Pagamento/Recebimento: ótica
tesouraria
As despesas ocorrem no montante da realização da compra e
respeitam a obrigações financeiras decorrentes de aquisições de bens e
serviços.
As receitas ocorrem no momento da realização da venda e
respeitam a direitos decorrentes de vendas de bens e serviços.
Os gastos correspondem a um critério de imputação
contabilístico dos valores incorporados na atividade.
Os rendimentos correspondem a um critério de imputação contabilística
dos valores gerados pela atividade.
Os pagamentos referem-se à saída monetária da empresa.
Os recebimentos referem-se à entrada de unidades
monetárias na empresa.
A avaliação empresarial de um projeto de investimento é
desenvolvida em duas etapas:
Avaliação Económica:
Estudo da viabilidade económica do projeto não
considerando a especificidade do seu financiamento, ou seja, assumindo que o
projeto é financiado exclusivamente com capitais próprios.
É utilizado o
conceito dos cash-flows:
Meios
Libertos de Exploração = Resultados
Antes de Juros Suportados e Impostos (RAJSI) x (1 – Taxa de Imposto sobre
Rendimento do Período) +- Depreciações e Amortizações do Período) +-
Imparidades do Período +- Provisões do Período +- Variações de Justo Valor do
Período
Pressupostos:
O financiamento é assegurado exclusivamente por Capital
Próprio, todos os Gastos de exploração são fiscalmente aceites para estimativa
anual do imposto sobre o rendimento do período (ISRP) e os resultados líquidos
são obtidos com base na Taxa Marginal de imposto sobre o rendimento, acrescido
de Derrama.
No cálculo dos MLE
consideram-se os Gastos não reembolsáveis e os rendimentos não desembolsáveis.
Explo:
As Depreciações e Amortizações constituem custos não
desembolsáveis, ou seja, não origem pagamentos, evidenciando desta forma a
dupla contagem do custo de investimento.
Avaliação Financeira:
Estudo da viabilidade financeira do projeto atendendo à
especificidade da sua forma de financiamento.
O cash-flow de investimento / desinvestimento abrange os
fluxos associados ao Capital Fixo, Fundo de Maneio Necessário e Valor Residual.
Fluxo de
Investimento = Investimento em Capital Fixo + Investimento em FMN –
Desinvestimento em Capital Fixo e FMN – Valor residual do investimento
Pressupostos:
O investimento em Capital Fixo inclui despesas associadas
à aquisição de ativos fixos tangíveis (terrenos, edifícios e equipamento) e
intangíveis (patentes, licenças e publicidade e formação de pessoal na fase de
investimento), investimento em FMN que regista todas as variações positivas do
nível do FMN do projeto, desinvestimento em capital fixo que ocorre quando se
verifica alienações do património.
Se a atividade cessar no período em análise, o valor
residual do investimento representa o valor contabilístico do ativo ou o valor
estimado do mercado.
Se se admitir a continuidade do projeto, o valor
corresponde ao valor atual do montante de todos os cash-flow posteriormente a
esse período.
Com frequência, o valor residual do investimento em
capital fixo é estimado com base no seu valor líquido contabilístico (valor de
aquisição do bem deduzido das depreciações acumuladas), o que constitui um
método simplificador, mas não menos adequado que o valor de rendimento ou o
valor de mercado.
O desinvestimento em FMN regista todas as variações
negativas do nível de FMN do projeto, pois num projeto sem continuação o valor
residual do investimento em FMN corresponde exatamente ao valor de FMN
existente no período.
Na maioria das empresas as necessidades financeiras de
exploração excedem os recursos devido à constituição de stocks elevados e
concessão de crédito a clientes.
Sempre que aumentam a atividade, enfrentam um acréscimo
de FMN, reforçando o investimento em FM.
Explo:
No negócio dos supermercados existe fraco volume de
vendas a crédito e uma elevada rotação de stocks, logo acréscimo de atividade
leva ao decréscimo do FMN e a um desinvestimento em FM
Nas empresas típicas a redução da atividade origina
investimento em FM.
Cash-flow = MLE – Investimento em FMN – Investimento em Capital
fixo – Desinvestimento em FMN + Valor Residual do Investimento
Os Cash-flow
Incrementais permitem uma situação de interação, de complementaridade ou
concorrência.
Não se deve imputar ao projeto todos os impatos sobre a
restante atividade da empresa.
Em contrapartida, não se deve afetar ao projeto gastos
que a empresa terá de suportar independentemente da sua realização (equipamento
subaproveitado, mão-de-obra excedentária suportada pela empresa, etc.)
O critério a adotar para o cálculo dos cash-flows incrementais
é o do custo de oportunidade do capital, onde se o valor for nulo não deve ser
imputado ao valor do projeto.
Aplica-se o conceito de custos de oportunidade de
capital, valorizados não pelo que custou (valor irreversível e irrelevante) mas
pelo valor da sua melhor utilização alternativa.
Gastos
Irreversíveis:
Os fluxos financeiros passados não devem influenciar as
decisões atuais, pois as decisões atuais não podem ser influenciadas por
acontecimentos passados.
Explo:
Os gastos de estudo de mercado para atualizar o nível de
aceitação de certo produto é irreversível pelo que não deve ser imputado ao
projeto.
Assim, como os custos de pesquisa e desenvolvimento e
estudos de viabilidade anteriores ao momento de tomada de decisão.
Explo:
Exemplo A
€500.000 Compra
(gasto irreversível)
€250.000 Utilização
de equipamento (rendimento)
€200.000 Venda
(custo de oportunidade, caso vendesse)
Logo, a exploração
é compensada.
Exemplo B
€4.000 Investimento
€10.000 Investimento
total previsto
€9.000 Queda de preços que reduz os cash-flows
futuros (previsão revista para o valor atual dos cash-flows.
Suspende ou conclui construção?
O investimento já realizado deve ser tratado como
irrelevante no que diz respeito à decisão atual.
Perda em cash-flow: €1.000
Investimento por realizar: €6.000
Valor atual dos cash-flows futuros: €9.000
Logo, deve-se
concluir a obra. Só na hipótese do valor da liquidação do património já
existente ser maior do que €4.000 se justificaria o abandono do empreendimento.
Cash-Flow vs.
Lucro Tributável
O cash-flow é um instrumento essencial para a avaliação
económica de um projeto de investimento.
A preferência por este indicador face ao Lucro tributável
resulta do lucro tributável ser afetado por critérios subjetivos, enquanto os
cahs-flows se baseiam numa ótica de despesa/receita e não de gasto/rendimento,
mais consentânea com a afetação dos fluxos de tesouraria no respetivo período.
(LÓGICA DA ATUALIZAÇÃO).
Cash-flow: exploração, investimento e desinvestimento.
Notas:
Falso:
O estudo da viabilidade económica de um projeto considera
a especificidade do seu financiamento.
O Investimento em FMN inclui as despesas associadas à
aquisição de ativos fixos tangíveis e intangíveis
Verdadeiro:
No cálculo dos MLE consideram-se os gastos não
desembolsáveis e os rendimentos não embolsáveis.
Na maioria das empresas as necessidades financeiras de
exploração excedem os recursos devido à constituição de stocks e concessão de
crédito a clientes.