domingo, 6 de setembro de 2015

Teoria da Agência:

Defende que tanto o Capital Próprio como o Capital Alheio acarretam custos de agência que afetam o valor da empresa.

Por isso, é importante encontrar a estrutura de capital que minimizará a soma desses custos.

Se a empresa tiver um nível de endividamento excessivo, incorrerá em elevados custos de agência relacionados com a dívida, o que afetará negativamente o valor da empresa.

Esta teoria baseia-se na relação de agência que se estabelece quando uma pessoa (o principal) contrata outra (o agente) para que atue em seu nome ou o represente num determinado âmbito de certos problemas de decisão.

Na relação de agência, uma vez que os parceiros (dirigentes, acionistas, credores, etc.) têm objetivos e interesses específicos, surgem com frequência problemas de agência que originam custos de agência.

Foi através do estudo de Jensen e Meckling (1976) “Theory of the firm: managerial behavior, agency costs and ownership structure” que a teoria da agência foi introduzida no campo das finanças.

Os custos de agência, entre os proprietários e os dirigentes, poderão surgir quando estes, ao reduzirem a sua participação no capital, aumentam a sua propensão para o consumo de “extras associados ao emprego”, pois os custos que suportam com esse consumo são correspondente à sua participação no capital.

Os custos de agência também surgem da relação entre os dirigentes e os credores.

Por exemplo: os dirigentes, gozando de responsabilidade limitada, têm incentivo para expropriar riqueza dos credores através de decisões de investimento que aumenta o risco de incumprimento de obrigações da empresa associada com a dívida contraída.

Explo:

Perante os projetos A e B, em que B apresenta um risco mais elevado e um valor esperado global maior e se ambos os projetos forem financiados totalmente com fundos próprios, os dirigentes escolherão o projeto A.

Enquanto forem financiados também por capital alheio, optarão pelo projeto B, pois é esta que lhes proporcionará mais valor esperado de capital próprio.

É de acrescentar que o contrato de empréstimo poderá prever cláusulas que contribuam para reduzir os custos de agência surgidos da relação entre dirigentes e credores, nomeadamente, impedir o aumento de taxas de dividendos e colocar restrições ao uso dos ativos.

À luz desta teoria, a empresa atinge a estrutura de capital ótima quando o montante total de custos de agência, associados à dívida e ao capital próprio, é mínimo.

Explo:

O projeto A tem €200.000 de encargos associados à dívida. As previsões de cash-flow foram feitas atendendo a dois cenários: expansão e recessão com igual probabilidade de ocorrência e os valores previstos são, respetivamente de €500.000 e de €200.000.

O projeto B tem €100.000 de encargos associados com a dívida. As previsões de cash-flow foram feitas atendendo a dois critérios de expansão e recessão com igual probabilidade de ocorrência e os custos previstos são, respetivamente, €550.000 e €100.000.

Qual será o projeto adequado?

Suponhamos que a empresa Xd é uma endividada e o projeto A é o de menor risco,

Valor esperado do projeto A = ((€200 x 0,5) + (€500 x 0,5)) = €350

Valor esperado do projeto B = ((€100 x 0,5) + (€550 x 0,5)) = €325

Valor esperado do CP A = ((€0 x 0,5) + (€300 x 0,5)) = €150

Valor esperado do CP B = ((€0 x 0,5) + (€450 x 0,5)) = €225

Se o projeto fosse financiado somente com CP, o projeto de menor risco (A) seria o escolhido.

Contudo, os acionistas optarão pelo projeto de maior risco porque é o que apresenta o valor esperado mais elevado de CP.

Desta forma, os credores não beneficiarão do ganho do projeto de maior risco na situação de expansão, mas ficarão prejudicados em recessão.

A opção dos acionistas não será, naturalmente, favorável aos credores (teoria dos jogos).


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